domingo, 29 de junho de 2008

Férias de verao - 2008 (parte 1)

Agora em junho o autor saiu em férias com a família.

Dessa vez deixaram o carro na garagem de casa, aproveitaram uma promoção da Ryanair.



Como de costume saíram de casa em cima da hora, rindo e tirando sarro.

Os 3 andando rápido com mochila nas costas em direção ao ponto de ônibus para pegar o circular 1 em direção à estação de trem. De là pegaram o circular 6 para o aeroporto de Treviso.

Logo depois do desembarque em Bremen, decidiram alugar um carro. Foram até o setor do aeroporto em que havia uma serie de balcões de rent a car. E pesquisaram em busca do menor preço.



Eles estavam com os ingressos ja comprados para o Hurricane festival, que aconteceria em Scheessel (uma cidadezinha de interior, entre Bremen e Hamburgo) dali a 3 dias.

O festival é um dos mais famosos festivais de verão da Europa, claro que nem tanto quanto Glastonbury, Roskilde, Reading ou Benicasim, mas, mesmo assim, grande.

Estavam preparados para acampar durante todo o festival, levaram barraca e sacos de dormir...


Então, como tinham ainda 3 dias antes do festival, decidiram aproveitar esse tempo para conhecer um pouquinho o Benelux, naquele esquema on the road...



Saíram todos faceiros no Fox alugado (0 km, aliás), em direção à Holanda.





Antes de saírem de Bremen passaram no Lidl (rede de supermercados alemã, de baixo custo, hoje presente em boa parte da Europa) para comprar agua e ingredientes para lanche.



Chegaram em Amsterdan depois de 3 horas de viagem: bom indicio. Ainda mais porque o sol brilhava forte até pelo menos as 22:50!



Amsterdan é uma cidade efervescente, um nightclub gigante ao ar livre, cheia de canais, vielas e construções baixas e tortas.

Boa parte do centro é tomada pela zona da luz vermelha, que lhes pareceu muito maior do que imaginavam.

Incrível como numa quarta-feira à noite todo o centro da cidade consegue ficar aceso e fervendo até às 3 ou 4 da manha! Quarta-feira...



Saindo de Amsterdan percorreram um pouco do litoral, Rotterdam e Breda.



Depois da Holanda rumaram para a Bélgica.

Depois de passar por algumas cidades, entre elas Antuerpia, entraram em Bruxelas. Como de costume, ao entrar numa cidade de carro, o autor percorreu boa parte do centro, num tipo de reconhecimento do local.

Antes mesmo de descerem do carro, para caminhar pelas ruas do centro da cidade, aconteceu o imprevisto.

Saindo de uma rotatória, a batida.



Horas perdidas, primeiro com o susto do impacto; os dois carros embaraçados se arrastando no meio da rua; o motorista do outro carro (um senhor marroquino) descontrolado repetindo num tom intimidatorio em francês "e agora?!", "e agora?!"; as tentativas - nao muito produtivas - de comunicação; depois a chegada do filho dele - que felizmente falava inglês; as ligações para a filial belga da agencia para informar sobre a batida; a chegada da policia; a pequena - e nesse caso usual - confusão decorrente; a partida, primeiro da policia (o policial se despediu do autor com aquele sorriso de canto, acenando e desejando boas ferias), e logo depois do outro motorista e seu filho; a chegada do guincho mandado pela filial belga (o motorista - que dava demonstrações de estar radiante de felicidade - tentou nos reanimar, servindo de guia turístico enquanto nos levava até a garagem da filial belga da agencia; sorrindo e nos contando a vida dele - claro, em francês (com algumas palavras em italiano - a mulher dele é italiana); a retirada de outro carro - maior, mais bonito e mais caro (o pessoal da agencia disse que não seria cobrado a mais por isso, disseram que o único valor a ser cobrado a mais do que a diária seria a franquia do seguro por causa do acidente)...

E tudo isso numa chuva insistente...



Acabaram desistindo de dedicar um tempo maior para Bruxelas, acabaram visitando alguns pontos turísticos, mas de forma rápida e quase desolada...



Foram parar em Luxemburgo, a cidade-paìs. O paìs todo tem uma área menor do que a do município paranaense de Tibagi...

Luxemburgo, a cidade, é o tipo de cidade utópica. Sim, ao menos à primeira vista.
Tudo bonito, limpo, bem cuidado.
Ficaram abismados com o pequeno parque do centro da cidade, uma belíssima área verde de um ou dois quarteirões, com mini-lago, ruinas restauradas, ciclovia, verde (muito bem cuidado), sem grades, com abertura ao público 24 horas por dia.



De Luxemburgo voltaram à Alemanha, passando por Bonn, Dusseldorf e Munster.
De volta em Bremen devolveram o (segundo) carro e tiveram o cartão de crédito esfaqueado (a tal franquia pelo acidente em Bruxelas foi bem salgada).

De Bremen pegaram o trem para Scheessel, a estação estava tomada por punks e alternativos em geral, todos rindo e/ou bebendo e/ou carregados de barraca, saco de dormir etc.
Já naquele momento era possível sentir a atmosfera de um grande festival de verão europeu de rock.



Ao descerem, na estação de Scheessel, nao precisaram se preocupar com que direção tomar, bastava seguir o fluxo.
Aquilo tudo parecia uma cidade, de tão grande. Uma cidade louca.

A primeira coisa que fizeram foi montar a barraca.
Depois foram dar uma olhada num dos palcos - dando de cara com um show bizarro: Deichkind, um bando de alemães barbados com "roupas" ridículas pulando para lá e para cá "cantando" em alemão com inglês macarrônico (quase todas as letras pareciam ter algo relacionado com sexo ou drogas) em cima de bases eletrônicas pré-gravadas. O mais engraçado era ver que o lance era bem famoso por lá, todo mundo dançando e cantando junto. E pior (ou nem tanto), as tais bases eram bem legais.
Voltaram para a barraca, para descansar um pouco.
Antes de dormir o autor programou o celular para despertar, para o show do Chemical Brothers.
Claro, ele não escutou o despertador, foi acordado pelo filho, quase sem querer.
Correram e acabaram pegando a segunda metade do show...
Depois passaram na tenda eletrônica e voltaram para a barraca dormir.
No dia seguinte eles até assistiram alguns shows legais, mas no ultimo dia é que aconteceriam os shows mais legais do festival!



A vida no festival era “engraçada”.

O dia começava com o sol bem forte, que, batendo diretamente na barraca, transformava seus ocupantes em frangos assados dentro de fornos de padaria. Não havia vento ou sombra. Ou seja, mesmo que você quisesse dormir até tarde, seria impossível.
Então você sai da barraca, e apesar do sol agora bater diretamente em você (trazendo aquele bronze...), pelo menos há ar, uma leve brisa (ou é você que inventa que há brisa, afinal qualquer coisa é melhor do que aquele forno), e vai em direção aos containers que servem de banheiros/vestiários/bebedouros.
O que você vê já de longe? Fila.
Filas enormes de junkies e/ou grunges etc com toalhas e/ou lata de cerveja na mão...
Depois disso você vai procurar algo para comer. Todos os carrinhos tem fila (pois é, não existe algo minimamente parecido com restaurante ou mesmo lanchonete por lá), e oferecem quase que somente frituras, e a preços indignos.

O que fizeram então? Foram andando até o centro de Scheessel procurar um mercado. Ao sair pensaram que seriam os únicos a ter essa idéia.
No caminho foram impedidos pela polícia de pegar uma rua, sabe-se lá porque. Havia três pessoas que tentavam seguir a mesma direção, e que também foram impedidas (mas eles tinham uma vantagem e tanto: falavam alemão), e se ofereceram de guia (eram moradores de Scheessel, iam ao Hurricane todo ano), e dali até o centro foram falando e rindo.
Compraram o que queriam e voltaram.
Ah, perceberam duas coisas:
1 – A cidadezinha estava repleta de malucos! Ou seja, não foram os únicos.
2- Os 3 mercados da cidade não tinham nem mesmo uma latinha de cerveja à venda!



Mas voltando ao dia-a-dia do acampamento, depois de comer você tem duas opções, antes de poder entrar na parte dos palcos (que só abre uma hora antes do início dos shows): voltar para a barraca/forno; ou ficar vagando.
Pois é, o que você vê vagando de um lado para o outro naquela imensidão de grama seca e curta que formava uma ilha entre mares de barracas? Loucos.
Sério, o pessoal lá faz lembrar mesmo aquela imagem viking de ser. De um lado tinha um campinho de futebol: um dos times estava com camiseta azul e todos os “jogadores” davam mostras de estarem devidamente chapados, o outro time era composto por ursos. Sim, todos os jogadores vestiam fantasias de ursos, naquele calor. 
Do outro lado você escutava gritos e urros e gargalhadas e assobios vindos de um aglomerado, caminhando naquela direção dava a impressão que era alguém fazendo algum tipo de malabarismo para uma roda gigante de gente.
Ledo engano.
Saca Coração Valente ou Conan? Então, eram dois aglomerados de gente, dispostos em duas linhas, uma de frente para a outra, com uns barris no meio.
Um “jogador”, de uma das frentes, jogava uma bola em direção aos barris, e se acertava algum, todos os “jogadores” da outra frente bebiam cerveja sem parar até que o arremessador recolocasse o barril acertado na posição inicial. Aí gritavam stop, com os olhos arregalados feito vikings. 
E vice e versa. Enfim, era um vira-vira gigante.

O mais inusitado é que em teoria se trata de um jogo sem fim, ou pelo menos sem que nenhum jogador honesto possa saber qual a frente vencedora, visto que cada vez mais gente ia saindo de fininho (depois de secar algumas latinhas) ou literalmente caindo pelos cantos...

Os portões se abrem e os shows começam, aquela multidão andando para todas as direções, nunca viram tanta poeira (estou me referindo à terra seca), ficaram sabendo que uma tradição do Hurricane é a chuva...
Ficaram indecisos qual seria pior, poeira ou lama? Ainda mais depois que no meio do Notwist ou do Calexico começou a cair um principio de chuva...
O nariz ficava quase sempre entupido, e ao tirar a famosa meleca, você percebia que a cor dela era preta. Sim, preta. E se você tivesse coragem suficiente para enrolar a meleca você podia perceber os pequenos grãos de areia. E se você tivesse mais coragem ainda, e cheirasse a meleca, você sentiria cheiro de terra.

Enfim, muitos dos shows eram muito legais e isso fazia valer a pena.
Outra coisa que fazia valer a pena mesmo era ver toda aquela gente feliz, aquele clima de liberdade etc.

O relógio aponta as 2 ou 3 da manhã, os shows estão acabando (ou já acabaram), é hora de votar para a barraca. Então você pensa que enfim vai descansar em um lugar menos sujo e menos barulhento.

Eis que você lembra que escolheu o campo mais próximo da tenda de discotecagem (que funciona até os primeiros raios de sol da manha!), e que sua barraca fica perto de la, e que bem ao lado da sua barraca tem um grupo de umas 4 ou 5 barracas (composto por alemães, ingleses e holandeses) que faz uma zona capaz de fazer levantar Lázaro.
Você entra na barraca e sente cheiro de cerveja. E deita escutando clássicos do rock e hinos indie (vindos da tenda) e urros, gritos e risadas (vindos dos vizinhos).
E então você se sente mais jovem.



A seguir a lista dos melhores shows:
1 – Radiohead
2 – Bat for Lashes
3 – Chemical Brothers
4 – Elbow
5 – Black Rebel Motorcyle Club
6 – Digitalism
7 – Wombats
8 – Foo Fighters
9 – British Sea Power
10 – Deichkind
11 – Calexico
12 – Notwist
13 – Pigeon Detectives
14 – Slut
15 – Sigur Ros
16 – Oceansize
17 – Foals
18 – Kaiser Chiefs
19 – The (international) Noise Conspiracy
20 – Enemy



Outro espetáculo foi o dia seguinte à última noite de shows, isto é o dia em que todos deveriam ir embora: uma ventania forte “cuidando” das barracas que foram deixadas para trás.



O avião de volta para casa so iria decolar do aeroporto de Bremen dois dias depois. O que fazer? Acabaram descartando a opção aluguel de carro. Ficaram por Bremen mesmo, no albergue da juventude.

Ah, o time dos ursos ganhou.

domingo, 15 de junho de 2008

Monte Cavallo - trekking


A familia Zanin (Cesar, Isabel e Lauro) mais uma vez fez trekking, em primeiro de junho de 2008.
Pela segunda vez o objetivo era subir o Monte Cavallo (2251mt), que fica no planalto do Cansiglio (Veneto), nos pré-alpes italianos.

Na primeira tentativa, no dia vinte de abril, estavam em cinco: o autor, Isabel, Lauro, Paulo e Maria.
O gelo e a neve acabaram impossibilitando a chegada até o final. Depois de uma hora e meia de subida, desistiram e desceram.


Na segunda tentativa, essa do video abaixo (Paulo e Maria ja tinham voltado ao Brasil), o clima jà estava mais proximo do que costumamos chamar de primavera e enfim conseguiram subir até o refugio.
Sò entao perceberam que na primeira tentativa tinham chegado a pouco mais da metade do caminho e que teria sido impossivel continuar subindo com todo aquele gelo...

Como na primeira vez, na segunda também saìram de casa tarde, chegando ao sopé da montanha depois das cinco da tarde.
A subida teve inicio às 17:25, avistaram o refugio às 19:50, e desceram rapidinho, chegando no ponto de partida às 21:20h. Ainda bem que em junho escurece depois das 21:00h, eles nao tinham levado lanterna!

A trilha sonora do video é composta por duas cançoes do autor, gravadas em casa (o som original da filmadora foi mantido na mixagem).

Corsage - Body's Destroyer


Corsage é a banda do amigo Antonio, de Santos.
Eu e Antonio tocamos juntos na banda Any Wise Pub, nos idos de 1992/1993.
O AWP era insano, noise rock de buteco.

Entao, Corsage era a outra banda do Antonio, e do Cleber. Começou antes do AWP.
Botei esse video por tres motivos:
1. Corsage é bem legal (eles tem boas influencias do pre-punk, do punk e do pos-punk);
2. Body's Destroyer, a cançao do video aqui, é um cover justamente do AWP (a letra é dele e a musica minha), maior orgulho para mim, hehe;
3. Depois de 14 anos eles voltaram à ativa, estao com show marcado e tudo.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Brasil - maio de 2008 - 7/7

Eu deveria fazer ainda duas palestras em Curitiba, uma na terça e outra na quarta, e assim, minha viagem de duas semanas estava chegando ao fim.

Muitos trechos da estrada de Cascavel até Curitiba eram mais ou menos a mesma coisa do que muitos trechos da estrada de Presidente Prudente até Cascavel, isto é, uma estrada não larga e com muitas curvas.

Eu sempre gostei de Curitiba. Tenho bons amigos por lá; Neri e família, Carlos e Hil, Rodrigo Gorky, são apenas alguns exemplos. Isso sem falar na cidade em si. Curitiba não é quente demais, não é poluída como São Paulo, não é violenta como o RJ, fica relativamente perto do litoral e pode oferecer tudo o que uma cidade cosmopolita oferece! E fica a seis horas de São Paulo (eu, como paulistano que sou, não poderia deixar de observar isso, hehe).
Já tive a oportunidade de visitar Curitiba umas 3 ou 4 vezes antes dessa, todas com a banda com a qual eu tocava na época, ou seja, para fazer show. Mas só dessa vez que pude ver como a cidade é grande. De dentro do ônibus eu via a cidade e aquilo não acabava! Até o desembarque passei por muita coisa, avenidas e avenidas. E tudo muito bem cuidado, bonito.


Na rodoviária Sheila estava me esperando, de avental branco. Sheila foi uma das maiores apoiadoras do meu trabalho com Zooppa no Brasil, ela tinha me ajudado a entrar em contato com algumas universidades de Curitiba e isso realmente foi importante. Fui recebido como é recebido um amigo de verdade, ótimo sinal, meu feeling com Curitiba persiste! ;-)
Ainda à tarde fomos até um bar chamado Mafalda, que ficava perto do hotel (o hotel ficava em frente ao Teatro Guaíra). O bar nem tinha aberto ao público ainda. ela chamou alguém de dentro e acabamos entrando. Ela conhecia todo mundo lá dentro. O bar era muito legal, as pessoas simpáticas e a decoração bem diversa. Foi lá que provei a cerveja mais gostosa de toda a viagem: Original (talvez empatada com a Boehmia de São Paulo, vai...).

Depois Sheila foi buscar sua filha no colégio (Thainan é uma garota muito legal e inteligente) e me deixou na UNIBRASIL, para a palestra, e foi para a casa. Ela me disse que um grande amigo dela, Rafael, iria lá para me conhecer e para ver a palestra, e que depois da palestra ele viria se encontrar conosco.
Entrei no prédio e procurei a coordenadora do curso de publicidade, Maria Paula, e depois de um certo tempo a encontrei. Fiquei intimidado com o tamanho do auditório (muito grande) mas a simpatia da coordenadora e dos outros professores, alunos e funcionários, me ajudou. Aliás, o tamanho dos espaços usados para a palestra foi aumentando cada vez mais: na primeira era uma sala de aula (e mesmo assim a palestra contou com mais de 50 pessoas), depois um auditório super moderno (com umas 180 pessoas) e agora essa auditório grande e com jeito de antigo/tradicional (com capacidade de mais de 300 pessoas).

A palestra foi muito boa, eu já estava ficando esperto com esse negocio de fazer palestra, hehe.
Um dos professores inclusive acompanhou a palestra em tempo real pelo Twitter.

No fim da palestra conheci o Rafael e ficamos conversando com os professores, esperando a Sheila.
Ela demorou, então pudemos conversar bastante. Quando ela chegou, a pé, fomos até o bar Matilde e ficamos por lá um bom tempo. Chegaram mais amigos deles e foi muito divertido.
De lá fomos para o Wonka bar, assistir ao show dos Hillbilly Rawhide.

O Wonka é um bar legal, com jeito de pub e clima de taverna.
O Hillbilly Rawhide é uma banda extravagante, são seis integrantes e eles tocam com intrumentos como banjo, violino, piano, baixo acústico e cajon. O som deles é country, mas com pitadas de rockabilly e rock. 

E isso tudo com um grande teor etílico (também) no ar. O clima no show estava intimista, parecia um sallon, com todo mundo cantando junto e levantando o copo de cerveja. 
O palco era pequeno e a banca mal cabia lá, não sei como fizeram caber os seis integrantes, mais os instrumentos menores, e bateria, um piano (não era teclado) e um baixo acústico. 
Eles tocaram algumas músicas próprias e covers de Hank Williams, Johnny Cash, Ramones, Motorhead e AC/DC, hehe. Muito bizarro.
Cheguei no hotel bem tarde e destruído.


Depois de algumas poucas horas de sono (a insônia foi uma constante nessa viagem), levantei, tomei uma ducha e fui dar umas voltas pelo centro de Curitiba.
Quando voltei ao hotel recebi um SMS da Sheila, me chamando para conhecer seu trabalho.
Ela trabalha numa farmácia, uma farmácia de propriedade de uma funerária (fica do lado da funerária, em frente ao cemitério). La dentro é tipo... uma farmácia mesmo. Mas de dentro da farmácia se vê o cemitério (a porta é de vidro).
Trata-se de um grupo, chamado Vaticano. Sim, Vaticano. Eu achei muito engraçado. Aquela fachada verde enorme com "Vaticano" escrito em branco.

Saímos para almoçar, Sheila me levou até o bar onde onde o Leminski passava grande parte do seu tempo (ao menos ela disse assim). Enquanto ela comeu um belo sanduíche, eu fiquei só na água, a ressaca estava brava.
A vista pela janela, da praça com um pessoal andando de skate (tinha um grande half), parecia me transcender, como se eu estivesse assistindo de fora. E então foi bom. Logo depois de voltar em mim lembrei do Renato, e falei dele para a Sheila.
Saímos do bar (putz, não lembro o nome), começamos a caminhar.
Engatamos em assuntos filosóficos, ela toda esotérica, eu todo agnóstico, ela quase crente, eu quase ateu. Dentro do cemitério, falando da vida e da morte. Sabe, sentido da vida, como viver, saber, entender, sentir etc.
A conversa foi rumando para um antagonismo quase hostil, disfarçadamente amigável.

De repente ela sentou num degrau de um mausoléu. Eu sentei também. Ficamos um pouco em silêncio e logo depois recomeçamos a falar. Então saímos do cemitério e demos a volta nele quase completamente. Do outro lado ela apertou a campainha num portão branco (o muro era verde, eu deveria ter percebido antes). Um senhor com avental branco veio atender, com uma cara estranha. Sheila atacou uma conversa qualquer sobre algum colega de trabalho e foi entrando, me chamando com a mão.


Entrei e, logo depois do portão, ainda no quintal, vi o primeiro cadáver. 
Numa maca, pálido e magro. Era uma senhora, estava nua, parcialmente coberta por um lençol branco.
Entrei no que parecia ser uma garagem e vi uma porção de avisos na parede (sulfites com mensagens do tipo “a cabeça deve estar para o lado de fora”), mais dois passos em direção à porta onde estava Sheila, encostada, conversando calmamente com o senhor, e avistei outro cadáver: um homem, também magro, também pálido, com os pés longos, nu, numa maca. 
E assim que cheguei ao lado dela, vi o que o senhor estava fazendo. 
Ele estava costurando o peito de um terceiro cadáver. 
O ruído daquilo, misturado com a conversa, evidentemente me deixou aturdido.

Saindo de la, enquanto ela me olhava satisfeita, com uma cara quase feliz, eu disse o mais calmamente possível: “vou escrever sobre isso”. 
E vou, ainda vou, mesmo.

Na farmacia fiquei um tempo sentado vendo a Sheila trabalhar e perguntei onde eu poderia encontrar uma rede wireless, pois eu precisava ver os emails etc. Primeiro tentamos usar a rede da Vaticano, como não deu certo saí em direção a um tal Shopping Mueller.
O Mueller tinha uma conexão boa e assim sentei no banquinho da praça de alimentação por algum tempo.

De volta à farmácia já estava quase na hora de ir para a Universidade Positivo, onde seria minha ultima palestra. O taxista que me levou à Positivo era super-fã do Inter de PoA e de Rap (!).
A palestra foi legal, mesmo com os probleminhas técnicos iniciais.

Foi muito ruim assistir aos últimos minutos da derrota do SPFC para o Fluminense na Libertadores numa barraca de hotdog no centro de Curitiba. 
Com o rapaz que me serviu tentando disfarçar a risada ao me ver desesperado, e com um outro, cliente, tirando sarro. Lamentável.
De la fomos ao James e vimos aquela fila indigna, ridícula. Depois de alguns minutos escutando conversa indie dos outros decidimos ir ao Circus, que tinha reaberto e que ficava ali pertinho, com uma fila muito menor.

No dia seguinte eu estava fechando a conta do hotel, para ir à rodoviaria, e quem me aparece? Sheila, de carro, com a filha no banco de trás e a mãe no da frente. Fomos até o apartamento onde elas moram e almoçamos bem. Foram muito simpáticas.
Acabei desistindo de voltar para São Paulo de ônibus (ideia da Sheila). Pedi uma carona até o aeroporto.


Comprei a passagem como se compra uma passagem de ônibus, uma sensação estranha para mim.

Termino esse diário dentro do avião, avistando primeiro a ilha de São Vicente, depois a Serra do Mar (que não é como eu imaginava) e por fim a cidade de São Paulo.
Algo indescritível. Inesquecível.

sábado, 7 de junho de 2008

Brasil - maio de 2008 - 6/7

No ônibus que peguei em Presidente Prudente, com destino a Cascavel, tinha gente de todo tipo e nos bancos próximos ao meu tinha um pessoal animado, conversando e rindo, desde Porto Velho (!).

Na primeira parada, no extremo oeste do estado de São Paulo em algum lugar próximo à divisa com o Paraná, me senti num faroeste.
O posto de gasolina era totalmente isolado, parecia uma ilha num mar de plantações. O restaurante era enorme e estava quase vazio.
Logo na entrada encontrei uma grande prateleira repleta de DVDs, todos piratas (daqueles com capinha com impressão em jato de tinta com cartucho vazio), hehe.

Passando por Maringá avistei uma placa de trânsito indicando o bairro Morangueirinha e lembrei do amigo Flavio.
Perto de Campo Mourão quem me telefona? O grande Luis Paulo. Depois de anos sem contato, ali no meio da noite, dentro de um ônibus cruzando o Paraná. Amizade de verdade é assim.


Cheguei de noite e acabei me hospedando no hotel em frente à rodoviária.
No dia seguinte, domingo, fui às Cataratas do Iguaçu. O ônibus de Cascavel até Foz do Iguaçu foi parando em todos os vilarejos no caminho, fazendo uma viagem de menos de uma hora se transformar numa travessia de quase 3 horas. Em cada parada continuava subindo gente, a ponto de num determinado momento já haver gente de pé (num ônibus de viagem!). E o calor estava forte, apesar de estarmos em maio. Mas foi legal assim mesmo: Tudo novidade, clima on the road.

Em Foz peguei um táxi que me levou diretamente ao portão do parque, fui conversando com o motorista, perguntando sobre a cidade, sobre o parque, as cataratas, as fronteiras, e ele foi me mostrando e apresentando lugares.

A entrada externa do parque não diz muito, parece a entrada de algum horto, ou de um zoológico.
Depois de passar pela bilheteria que começa o turbilhão.
Peguei o ônibus e sentei no andar de cima. Logo quando começa a pequena viagem me emociono com a estrada, completamente fechada pela mata atlântica. Só sobra o espaço justo para o ônibus passar, como se fosse um pequeno túnel!
O passeio em direção às famosas cataratas continua por dentro de um imenso parque imerso na mata atlântica. Além da estrada não há quase nada que não seja natural. Floresta fechada e animais silvestres pelo caminho etc.
Na última parada, antes mesmo de descer do ônibus, já era possível escutar o barulho das quedas d’água.


As fotos falam por si.
Depois de percorrer as passagens e passarelas, subindo e descendo escadas e elevador, vaguei um pouco por entre as trilhas...
Que lugar!

Quem já ouviu/leu o que faço e/ou fiz por ai durante muito tempo, em termos artísticos, deve saber como esse tipo de passeio me toca.

Segunda depois do almoço o coordenador do curso de comunicação social da FAG veio me buscar no hotel e me levou para uma volta pela cidade, depois fomos até a faculdade. Depois de me apresentar muita gente (inclusive o reitor!), fui acompanhado até o auditório e preparei o notebook e o projetor.
A FAG é a faculdade mais chic que eu já vi, tudo brilhando, moderno, mais parecia um shopping center, fiquei imaginando quanto dinheiro teria sido investido naquele campus... Inclusive aquele clima “interior-burguês” eu tive a impressão de encontrar em Cascavel.


A palestra foi boa, engraçada.
Depois fomos até uma pizzaria e outra ótima surpresa para mim: encontrei um lugar com pizza tão boa quanto São Paulo! A pizza que comi em Cascavel não fica devendo nada para as melhores que já comi em São Paulo. E a pizza de São Paulo é a melhor que já comi na vida.
Eu sei, você deve estar se perguntando “como alguém que mora na Itália tem coragem de dizer que a melhor pizza é a de São Paulo?”, pois infelizmente é assim.
Aliás, com duas exceções: As cidades de Mantova e Pompéia, onde provei pizzas quase tão boas como as de São Paulo.

Na manha seguinte fechei a conta no hotel, atravessei a rua e peguei o ônibus para Curitiba.

Os agradecimentos aqui vão para a professora Patrícia e para o professor Lucas.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Brasil - maio de 2008 - 5/7

Meu tio Zé, marido da tia Rosa, me levou de caminhonete até a rodoviária de São José do Rio Preto. Comprei a passagem para Presidente Prudente e ali começaria mesmo a parte da viagem dedicada ao trabalho.
Depois das quatro horas de viagem encontrei João na rodoviária de Presidente Prudente.
João é o presidente do DA da UNOESTE, foi ele que entrou em contato comigo pelo Orkut, em Março, me convidando para palestrar num evento. Desse convite que veio a idéia da turnê nas faculdades brasileiras para apresentar Zooppa. João é um rapaz esforçado e esperto.

João me explicou que seu amigo, e membro do DA, chamado GBA, deveria estar chegando para nos pegar de carro a qualquer momento. Acabou chegando depois de uns 40 minutos, hehe. Eu e João pudemos conversar sobre a palestra, a faculdade, Zooppa, a cidade e tal.
GBA enfim chegou e me levou ao hotel. Tomei um banho enquanto ele o João me esperaram no saguão. GBA é um cara legal, tranqüilo e de bem com a vida.

O hotel fica dentro do campus, que fica longe da cidade, trata-se de um hotel-escola.
De lá fomos até o shopping almoçar. Do shopping fomos até uma agencia de publicidade, de propriedade de um professor da faculdade.
Fomos bem recebidos e conversamos. Voltamos ao campus, eles me mostraram a faculdade e me apresentaram professores e alunos.
Então fomos à sala destinada à palestra e preparei tudo.


A sala foi enchendo e quando comecei já estava lotada. A palestra foi legal, eu estava tenso e tudo mais, claro. Mas foi muito legal.

Depois da palestra o João me levou até os laboratórios e estúdios da faculdade, e depois fui assistir uma aula de fotografia.
O professor era muito legal e talentoso. A aula era sobre lightpaint, fizeram até mesmo uma foto minha, hehe.

Depois fui com GBA até o buteco onde o pessoal da faculdade costuma ir e ficamos jogando sinuca e bebendo cerveja. Eram umas 10 mesas de sinuca. Havia mesas dentro e fora.
O bar ficava dentro do campus, próximo a saída e nos fundos do hotel (a janela do quarto onde eu estava hospedado dava de frente pro bar).
O lugar estava cheio de gente. E cada vez chegava mais.
Depois o GBA foi até a casa dele tomar banho e pegar a namorada e eu voltei ao hotel, dali a pouco chegou o João.

Quando o GBA voltou fomos juntos até um bar descolado do centro da cidade.
As paredes do bar eram todas decoradas com posters de propagandas antigas de várias marcas de cerveja. Ficamos lá jogando conversa fora até umas horas e depois GBA me deixou no hotel.

O pessoal do DA (Joao, GBA, Cidao, Marcelo, Carol, Frica etc) foi muito legal mesmo. Assim como os professores Fabiola e Paulo Miguel. Aliás, muita gente foi legal por lá (alunos, professores)!


No dia seguinte acordei e encontrei o hotel deserto.
Ninguém na recepção e em lugar algum ali dentro.

Como é um hotel-escola eles “fecham” às 11 de sábado para reabrir somente na segunda-feira. Ainda bem que me avisaram, senão eu teria achado que estava num filme do Lynch ou do Fellini, hehe.

GBA foi com João me buscar no hotel-escola e fomos almoçar no shopping, de lá seguimos correndo feito loucos até a rodoviária (íamos perder a hora do ônibus, a passagem já estava comprada).
Chegando na plataforma indicada na passagem, sem fôlego de tanto correr, não vimos ônibus algum.
Claro que pensamos algo como “fudeu”. João foi perguntar e então ficamos sabendo que o ônibus é que estava atrasado.
A previsão era de que fosse chegar dali a uma hora e meia!
GBA e João queriam ficar comigo ali, parados, esperando o ônibus... E ficaram por um bom tempo, e eu dizendo para eles irem embora, que não precisava. Naquele fim de semana estava acontecendo em Presidente Prudente o evento Virada Cultural, com vários shows e tal.

Quando enfim o ônibus chegou que eu percebi porque atrasou tanto: o ônibus que peguei de Presidente Prudente para Cascavel fazia a linha Porto Velho – Cascavel.
Fiquei tão intrigado que fui me informar, me disseram que é a linha comercial de passageiros mais longa do Brasil.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Brasil - maio de 2008 - 4/7

De Araraquara segui para São José do Rio Preto, situada entre a divisa com Minas Gerais (Icem/Frutal) a norte, Araçatuba a oeste, Ribeirão Preto o leste e Bauru ou Araraquara a sul, e de lá para Mirassol (vizinha de S. José do Rio Preto), onde minha família se fixou depois de imigrar da Itália, no início do século XX.

Miguel me acordou antes das cinco da manhã. Como todo dia ele tem que acordar muito cedo para ir ao quartel, combinamos de sair juntos, visto que o ônibus para São José do Rio Preto saía da rodoviária às seis e pouco.
Ainda escuro e todo mundo no portão para a despedida, céu repleto de estrelas, nem quente nem frio, ainda bem que o ponto de ônibus fica bem em frente à casa da minha mãe.
Foram uns dez minutos de viagem, até a rodoviária. Antes de descer me despedi do Miguel, fardado, quem diria.

Depois de quase duas horas sentado na rodoviária entrei no ônibus. Foram três horas de viagem até São José do Rio Preto. De lá até Mirassol pouco mais de meia-hora.
Descer carregado daquele ônibus cheio de grades não foi muito fácil, o sol estava forte. Mas a sensação causada pela vista da esquina da casa da minha avó, por estar ali de novo, passando em frente ao posto de gasolina, a fábrica de doces, aquilo me fez bem.

Passei um só dia em Mirassol, isto é, cheguei pouco antes do almoço, minha vó estava preparando tudo com a empregada, depois fui até a casa da tia Rosa, vizinha da minha vó, e da tia Sônia.
Minha avó sempre tenta me agradar preparando coisas que ela sabe que eu gosto de comer. Ela e minhas tias Sônia e Maria Augusta inclusive prepararam pão!


Eu sempre me pego lembrando de minha infância na casa da minha vó, também fico imaginando como era a vida ali naquela casa muito antes de eu nascer, ao ver os quadros antigos com fotos da família.

Fiz questão de filmar minha avó.

Acabei dormindo lá.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Brasil - maio de 2008 - 3/7

Minha próxima parada foi em Araraquara. Lá moram minha mãe e Wilson, seu companheiro (sim, sou filho de pais separados), e Miguel, meu irmão mais novo.


Eu nunca tinha ido até Araraquara, quando vim morar aqui ela morava em Santa Rita do Passa Quatro, e os últimos dias que passamos juntos lá foram marcados por discussões e mágoas.
Claro que depois os ânimos foram baixando e com o tempo nossa relação voltou a ser amistosa, mas isso pela internet, por telefone e carta... Ou seja, deveria haver uma certa apreensão por conta disso.
Mas foi tudo melhor do que eu poderia imaginar. Juntos passamos 2 ou 3 dias ótimos, tranqüilos e amigáveis, em paz. Minha mãe fez pastel, fez caipirinha, ela e Wilson prepararam churrasco, ele me levou de moto para conhecer toda a cidade, Miguel me ajudou a configurar a internet com o modem dele, pois o pessoal da empresa continuava me pedindo traduções e trabalhos vários, e ele e Naiara, sua namorada, me levaram para passear no centro, assim eu poderia acessar a internet wireless no shopping...

O Miguel está fazendo Tiro de Guerra e ele e a Naiara estão estudando. Aliás eles sempre estão estudando para algum concurso ou fazendo algum curso, e eu acho isso muito legal da parte deles. Eles vivem tranqüilos, um para o outro.
Pude ver minha mãe muito mais tranqüila, ela parece mesmo estar bem.
Enfim, gostei mesmo desse período com eles.

Brasil - maio de 2008 - 2/7

Sábado era dia de festa, eu tinha dois encontros marcados:
Visitar a Luciana, minha melhor amiga desde 1989;
Reencontrar os amigos do Magic Crayon para tocar por algumas horas no estúdio onde ensaiávamos (Quadrophenia, do amigo Sandro).

Pegar ônibus e metrô de novo foi legal.
Quando eu estava quase chegando na estação Marechal Deodoro, onde deveria descer, lembrei que não tinha levado o vinho que eu tinha comprado na Itália para a Luciana.
Loser.
Para ajudar, assim que saio da estação, dentro do banheiro, quem me liga? Ela, Luciana.
- E aí meu, você vem ou não?
- Oi Lu, estou saindo da estação, 50 passos e já estou aí!
Não deu outra, passei na mercearia do china e comprei uma garrafa de um vinho lá.

Claro, ela riu muito por causa do episodio do vinho e eu fiquei sem jeito. Mas bebemos o vinho mesmo assim, felizes.
Logo depois chegou seu namorado Bruce e ficamos conversando numa boa.
Duas horas depois que cheguei lembrei de olhar o relógio e vi que estava atrasado (só alguns minutos, vai) para o encontro com o Barbosa.
Então nos despedimos com um encontro combinado para o dia seguinte.

Ainda bem que o ponto de encontro era na esquina da casa do Barbosa, isto é, a dois quarteirões do meu querido apartamento, onde a Lu mora desde que eu vim morar aqui.
O Barbosa logo depois de me cumprimentar diz para irmos à sua casa, pois os outros deveriam estar chegando por lá. Chegando lá ele me apresentou o apartamento (legal, por sinal) e abrimos umas latinhas de cerveja.
O Gilberto foi o primeiro a chegar. Ali estava o núcleo do Magic Crayon: Eu (guitarra e vocal), Gilberto (baixo) e Barbosa (bateria).
Assim que chegou a namorada do Barbosa saímos em direção ao estúdio.



No estúdio estavam Sandro, Leandro (amigo e fã do Fotograma), Luiz Junior e Mariana.
E tocamos. E foi inesquecível.
Primeiro, nós afinamos os instrumentos (eu toquei com a tele que o Sandro gentilmente me cedeu), inventamos uma linha melódica, uma base e fomos levando, inventando coisas e tocando. Paulo chegou e juntou-se a nós. Depois tocamos as 4 canções do nosso primeiro cdr-ep e no fim fizemos uma jam com o Junior e a Mariana do Fotograma.
Pois é, claro que ninguém tirou fotos nem gravou, seria convencional demais... Hehe. (ninguém deve ter lembrado de levar câmera etc)

Saímos do estúdio e voltamos para a casa do Barbosa. Foi então que ele botou pra tocar Pia Fraus e todos ficamos entusiasmados com essa banda shoegazer da Estonia. Conversa vai, conversa vem, ao violão (tocando clássicos do calibre Beatles, Dylan etc) ora Paulo, ora eu, ora Leandro, ora Junior, até que a cerveja acaba. Então nos dirigimos a um bar e continuamos conversando e bebendo...
Quase de manhã nos despedimos todos e Gilberto me levou de volta ao apartamento do meu pai.
Abrindo a porta, pensei: “meu, por noites como essa é que se vale à pena viver em sociedade!”.

Brasil – maio de 2008 – 1/7

O táxi passou na porta de casa pouco depois das 5 da manhã.
Em meia hora eu já estava fazendo o check-in.

O vôo de Veneza a Paris teve algum atraso, mas como eu ainda estava sonolento e tal, nem me dei conta. Foi pegar o Ecstasy e dormir, depois de uma ou duas páginas.
Não adianta, quando eu não gosto do livro de cara, sua leitura se torna uma tortura. Não que Ecstasy seja ruim ou mal escrito, pelo contrario, há partes muito legais, mas depois de Trainspotting eu fiquei meio brochado com esse...

Foi no aeroporto de Paris que percebi que eu poderia perder o vôo para São Paulo.
Corri, perguntei, rodei, até que consegui encontrar o local certo, bem em cima da hora.
Pouco antes de entrar no avião uma ligação da Isabel me deixou (mais) emocionado.

A viagem foi realmente estranha, eu estava morrendo de sono/cansaço e preocupação, pois:
1. vinha dormindo realmente muito pouco nos últimos dias (a organização da viagem tomou muito tempo e esforço);
2. estava chateado por ter que ficar longe da Isabel e do Lauro;
3. estava apreensivo com as palestras que eu deveria fazer no Brasil.

Na hora do almoço o destino (ou melhor, a Airfrance, hehe) me aprontou o golpe de (não) misericórdia:
Todas as opções do menu continham pepino.
Você consegue imaginar o cheiro de pepino que exalava dentro daquele avião?
E eu sou alérgico a pepino.
Sério, eu passo mal, tipo dor de cabeça, mal-estar, ânsia mesmo.
Para tentar superar esse problema optei primeiro por provar um dos pratos com o pepino e, depois, visto que fiquei mal, mudei de estratégia e passei a pedir uma garrafa de vinho tinto para todo/a comissário/a que passava.
O objetivo era o de me tranqüilizar e quem sabe dormir, pois sempre que estou passando mal eu procuro dormir, e quase sempre acontece que quando acordo me sinto melhor.

Depois da quinta garrafa percebi que a tática do vinho não estava surtindo o efeito desejado, então decidi assistir um filme.
Escolhi o Bucket List, com o Nickolson e o Freeman, que era o primeiro filme da lista, assim meio no escuro. E não sei se por causa da viagem sem a Isabel e sem o Lauro, se pelo mal-estar causado pelo pepino, se pelas garrafas de vinho, mas o filme me bateu.
Bateu bonito.
Chorei muito e sem parar, quase sorrindo ao mesmo tempo. Ainda bem que não tinha ninguém sentado do meu lado, pois, apesar de eu não chorar fazendo escândalo, qualquer pergunta do tipo “tudo bem com você?” só iria piorar minha situação.
Enfim.
Só então consegui alternar as horas restantes de viagem, de rosto inchado, entre sonecas e sons no mp3 player (The Fall, Any Wise Pub, Depeche Mode, Versus, Portishead, algumas coletâneas indiepop e shoegazer, algumas bases minhas e Peter, Bjorn and John).


Lá estava meu pai me esperando, no aeroporto.
Durão feito sempre, mas logo vi que algo estava melhor, que ele estava feliz com minha presença, e isso tornava mais complexa minha felicidade em revê-lo.

Estranhei pra valer São Paulo. Logo eu que sempre achei poser ou blasé quem volta ao Brasil depois um tempo fora e diz que notou uma diferença enorme etc e tal. Mas percebi que pode acontecer mesmo. Ao menos comigo foi forte (e olha que não foram 40 anos fora, foram 4), estranhei um monte de coisas: Aquele tráfego infernal, os muitíssimos motoqueiros passando a toda e buzinando ininterruptamente, os flanelinhas, os lavadores de vidro e os vendedores de balas no semáforo, os muitos buracos nas ruas, tanta gente, avenidas largas, prédios altos, pontes e viadutos etc.
Mas mesmo assim reconheci tudo aquilo, é estranho sentir-se em casa depois de 4 anos, sendo que sua casa está te esperando do outro lado do oceano.

No apartamento do meu pai já estavam meu irmão do meio, minha cunhada (sua mulher) e minhas duas sobrinhas lindas, de 5 e 2 anos. Depois do jantar ficamos conversando, rindo, jogando truco, bebendo cerveja e/ou cuba e matando a saudade. Aliás, que saudade também da cerveja brasileira!No dia seguinte meu pai me levou de carro para resolver coisas relacionadas a documentos e bancos, depois comemos juntos na churrascaria perto do prédio onde ele mora (me entupi de carne – boa!) e, já de volta no apartamento, fiquei horas revirando o monte de coisas que eu tinha deixado guardado lá. Maior seção flashback, hehe.