terça-feira, 26 de agosto de 2008

Torp Festivalen - Vestby (Noruega), agosto de 2008

Era o nosso terceiro dia de viagem.

No primeiro dia fizemos um trajeto longo, saimos bem cedo de casa, em Treviso, e dormimos a primeira noite nos arredores de Hamburgo. Estavamos um pouco apreensivos porque sabiamos que a lei alema nao permite o camping fora das areas a pagamento, e o nosso plano era economizar ao maximo (inclusive na hospedagem).

Pouco antes de alcançar Hamburgo, saì da rodovia e entrei num vilarejo, procurando uma area camping. Entao vi um posto de polìcia e tive uma idéia. Fui là e perguntei se poderìamos acampar em algum lugar, explicando que na manha seguinte bem cedo irìamos embora, continuando nossa viagem rumo ao norte.
Para minha surpresa o policial e a policial que me atenderam trocaram algumas palavras entre eles (em alemao) e entao se viraram pra mim dizendo algo como "na Alemanha nao é permitido o camping blà blà blà, mas daqui a uns 5 km, prosseguindo na rodovia em direçao a Hamburgo, tem uma area de descanço (daquelas com banheiro, posto de gasolina, lanchonete etc) e voces podem montar acampamento por là esta noite, mesmo porque seremos nòs mesmos de plantao por aqui hoje...".



E foi assim que passamos nossa primeira noite nessa nossa viagem rumo ao norte, acampados nos arredores de Hamburgo.

No segundo dia fomos de Hamburgo até Copenhagen e acabamos pagando para acampar numa area camping na periferia da capital dinamarquesa...


Mas voltando ao terceiro dia, atravessamos o estreito de Øresund e passamos por Göteborg, rumo à Noruega.

No dia seguinte (que seria o quarto dia) realizariamos um outro sonho: assistir a um show da banda My Bloody Valentine. Eles tocariam no festival Oya, que é realizado anualmente na capital Norueguesa.

Acontece que ao atravessar a fronteira vimos que nao faltava muito para escurecer.
Nosso plano inicial era acampar no centro de Oslo, na unica area camping dentro da cidade, mas uns 50 km antes da capital acabei saindo da rodovia em direçao a um vilarejo qualquer.
Disse algo como "sinto que devemos procurar um lugar para passar a noite por aqui".

Assim que saimos da rodovia, logo na rotatòria, aquelas placas me confundiram. 
De repente algo me chamou a atençao. Uma placa tosca, escrita a mao, com uma seta para a direita e as palavras "Torp Festivalen".
- Opa, é para là que devemos ir!
E fomos.
Era uma estrada estreita, passamos por um vilarejo, paramos na igreja (que emprestava seu quintal para servir de cemitério!) e tentamos conversar com alguém da casa ao lado (pedirìamos para acampar...), mas ninguém atendeu à porta.

O que fazer?
Seguimos a tal estrada estreita. Depois de mais ou menos outro km ela nao era mais asfaltada e depois de um outro tanto estàvamos entrando num bosque.
Claro que a essa altura estàvamos todos preocupados.
Entao acaba o bosque e começa uma plantaçao, de cereais.


Eis que avistamos a placa da foto ("Torpfestival" e a seta avante). Là na frente, uma fazenda. E sò.
A essa altura estàvamos agitados, sem entender patavinas.
Ficàvamos supondo, palpitando, sobre o que poderia ser aquilo tudo.

Enfim recomeço a dirigir e chegamos, o tal sìtio é realmente o fim da estrada!
O que vemos?



Sim, um sìtio, mas um sìtio com alguns jovens, cases e material de carpinteria pra todo lado.
Os tais jovens, quando veem o nosso carro, acenam sorrindo para nòs!
Nòs acenamos de volta e rimos.

E foi assim que conhecemos o Torp festival.
Um festival realizado por uma familia, no sìtio.
As vezes ouvimos falar que em tal festa parecia encontrar-se em familia etc, né? Pois entao, ali era realmente uma familia.

Em 2007 Morten Strand, o senhor de macacao vermelho da foto, permitiu que sua filha mais velha, Marthe, juntamente com sua outra filha e mais alguns amigos, fizesse uma festa no sìtio da familia.
A organizaçao da festa foi ficando tao legal e a espectativa era tanta, que a festa passou a ser vista como um festival. E assim foi, provavelmente o festival mais caseiro do mundo!
O festival foi batizado de Torp, que é o nome da gleba de terra onde se encontra o sìtio, dentro do municìpio de Vestby.

Agora em 2008 Marthe obviamente pediu ao pai para fazer a segunda ediçao do Torp Festivalen, e seu bom pai mais uma disse sim.
Assim ela chamou os amigos, convidou vàrias bandas do sudeste da Noruega, espalhou press-releases para a mìdia local e de Oslo, buscou apoio para o equipamento, camisetas etc, e mais, ela contou com a inestimàvel ajuda da propria famìlia para transformar o sìtio!



Era quinta-feira, o Torp festival começaria o dia seguinte e iria até domingo. Nòs chegamos là bem na hora em que eles estavam testando o som e terminando de arrumar o palco. O palco ficava dentro da estrebaria. O camarim era o quartinho de ferramentas. Claro, tudo redecorado, bonito, charmoso aliàs.

Marthe logo veio ao nosso encontro e se apresentou, foi extremamente simpatica e disse que poderìamos ficar para o festival, que seria um prazer para eles!
Entao explicamos que no dia seguinte terìamos o show do My Bloody Valentine para ver, no Oya festival, em Oslo. Ela disse que estava chateada, pois terìamos sido o primeiro pùblico internacional do festival deles, mas mesmo assim disse que poderìamos passar a noite là, se quisessemos. Ficarìamos na àrea camping do festival em troca de ajudar a arrumar o sìtio para o festival!
E assim foi, escolhemos o melhor cantinho da area camping deles (na pratica a area camping deles era o quintal da casa, hehe), fomos apresentados ao pessoal todo, montamos nossas barracas e entao começamos a trabalhar!



Carregamos mesas, fixamos o portal da area camping, pintamos placas...

Quando jà estava escuro todos pararam de trabalhar e entao apareceu o senhor Marten Strand.



Ele, que no inicio tinha me parecido um pouco esquivo (apesar de sempre muito educado), agora dava mostras de verdadeira simpatia e interesse pela nossa historia.
Resumindo, antes de irmos dormir, Marten nos levou de lanterna na mao a todas as cinco construçoes do sìtio, explicando tudo, falando sobre o material, o clima e os habitos dos tempos idos, de quando ele era jovem, de quando os filhos dele eram jovens etc etc.
Fomos parar no salao externo (armazem transformado em sala de jogos/pista para o festival - com direito a sofas, livros, quadrinhos e jogos infanto-juvenis cuidadosamente distribuidos por toda a parte), e ficamos conversando e bebendo cerveja, com guias, mapas e albuns de fotos por sobre a mesa. Pois expliquei qual era o nosso plano para toda a viagem, entao ele entao foi chamar um amigo da Marthe que ja viajou muito e ficamos conversando até altas horas.



Qual nao foi minha surpresa ao ver que até ali, dentro de uma barraca num sìtio no meio do mato, eu tinha uma rede wireless disponivel e funcionante!



Na manha seguinte a familia Strand nos esperava para tomarmos o café da manha juntos!
Foi assim que pudemos descobrir como é o café da manha quotidiano numa familia norueguesa!
Depois voltamos aos albuns de fotos deles e veio outro convite: passear pela propriedade, conhecer o interior do sìtio, trocando em miùdos, fazer trilha!


No topo da colina a vista era inesquecìvel, a floresta de pinheiros e o fiorde!
Nos ensinaram como detectar a idade de uma determinada qualidade de àrvore, là. Nos mostraram o local onde eles comemoram o natal, no meio do bosque com fogueira e àrvore de natal natural. Havia muitas variedades de framboesas, morangos e cerejas silvestres por toda a parte. Nos levaram na casa da irma dele, em cima da colina. Por fim nos levaram até o fiorde!



Parecia um daqueles sonhos bons que a gente nao quer que acabe.
Mas chegava a hora de ir embora.
My Bloody Valentine iria tocar.

As despedidas foram serenas e amistosas.
Convidei Marten para vir à Italia e ele pareceu contente com a idéia.

Infelizmente acabamos nao conseguindo ver os shows do Torp Festivalen, afinal MBV é MBV, po.
Mas ficamos chateados sim. Ainda mais por ver que o Torp Festivalen é um festival DIY!
De dentro da barraca, à noite, fui conferir o som de algumas das bandas, no myspace...


Ter conhecido a familia Strand foi uma experiencia unica, inesquecivel!

E agora para voces aqui vai um punhado de links para algumas das atraçoes do Torp Festivalen:

4 comentários:

She Python disse...

incrivel... ai ai ai bruno... nao sou tao on the road assim... sou mto sensivel a despedidas... hauhauhauhau... reza pra eu conseguir um tramposo aqui... j'a viajei duas vezes... blumenau e florianopolis pra ver se vai rolar... veremos... pq ser'a aquela grana que falta... beijokas pros tres... ^^

Gilberto Custódio Junior disse...

Grande César, finalmente postei o link lá no meu blog, dá uma olhada. E vê se continua o relato das viagens! São ótimos! Muito empolgantes, parabéns!

NERI DA ROSA disse...

cesar,
se fosse aqui no mato grosso essa aventura vcs não teriam essas recepções calorosas.

e esse festival? tem site?

mande news....

neri

Anônimo disse...

Cesar! :D I found your blog, fantastic! Now io sto contento. Or something - I am so happy to have found it. I have good news! We have managed to put all the pictures from the festival online! Check out http://galleri.torpfestivalen.com for all the concerts, the happy people, the water slide and all the fun:) And oh! We have made a MySpace-site as well: myspace.com/torpfestivalen - go check it out! I will put everything written in english as well as norwegian (and Italian, if I could!) :) I hope you are all well say hi to the boys for me! I would love to see the pictures you took at Øya and at Torp:)
Un Baci - Marte